Leia 8 Histórias em Quadrinhos do Primeiro Livro.
A Colônia Itajahy (atual cidade de Brusque) foi criada no ano de 1860, quando o Brasil ainda era uma monarquia governada pelo imperador D. Pedro II, com a capital no Rio de Janeiro. O Brasil era um país escravocrata, ou seja, utilizava a mão de obra escrava africana. Grande parte da população do país era formada por escravos e negros libertos. A economia era agroexportadora, ou seja, produziam-se produtos agrícolas para a exportação. Na Província de Santa Catarina (durante o Império os Estados chamavam-se Províncias), havia poucos habitantes e estavam concentrados na parte litorânea, sendo as principais cidades daquela época São Francisco do Sul, Itajaí, Laguna e a capital Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis), todas localizadas no litoral e servidas de portos. Em 1860, quando a Colônia Itajahy foi criada, no Brasil discutia-se sobre a substituição do trabalho escravo pelo trabalhador branco livre e sobre a necessidade de povoamento das terras do sul do país, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, até então pouco povoadas.
Pesquisa: Robson Gallassini (in memoriam)
A maior parte dos imigrantes que vieram ao Brasil eram agricultores em sua terra natal. Dedicavam-se ao trabalho na lavoura, plantando e colhendo conforme as estações do ano. Muitos não possuíam terras e trabalhavam como arrendatário (aquele que aluga uma área de terra mediante pagamento) ou nas terras de um senhor. A maior parte da produção era voltada para o consumo da família e o excedente era comercializado. Nos pastos criavam alguns bois e vacas, às vezes duas ovelhas de onde tiravam a lã para produção das roupas. A vida não era fácil, principalmente nos meses de inverno, onde a quantidade de alimento diminuía e a madeira disponível nem sempre era suficiente para aquecer o interior das casas, fato que obrigava muitos camponeses a roubarem a lenha para se abastecer. Essas difíceis condições de vida forçaram muitos alemães a emigrarem para a América, e muitos deles vieram ao Brasil.
“Por dois anos eu estive em Busloh. Dois anos que na minha lembrança parecem tão interessantes porque neles simplesmente não ocorreu nada, mas realmente nada que um ser comum pudesse conceber como um acontecimento fora do normal. A vida transcorria, eu apenas vivia e trabalhava. Nós trabalhávamos, comíamos, dormíamos e trabalhávamos de novo, bem assim como os cavalos de carga: “Hü”, “Hott” e “Prrr”. Longe da aldeia e da cidade, aqui um dia passava após o outro no ritmo eterno e uniforme de um moinho. De madrugada, às 4 horas começava o trabalho e no inverno terminava às 18 horas, no verão, conforme as ordens, às 19, 20 ou 21 horas. Assim se passavam as coisas, entrava dia, saía dia, sem nenhuma variação que não aquela trazida pelo trabalho”.
Texto adaptado in: RENAUX; Maria Luiza. O outro lado da História: o Papel da Mulher no Vale do Itajaí 1850-1950. Editora da FURB, 1995. Pag. 22-23.
Pesquisa: Robson Gallassini (in memoriam)
Pesquisa: Robson Gallassini (in memoriam)
A história da família Brusque se confunde com a história de Portugal e do Império Brasileiro. O avô de Francisco, Nicolau Bruschi, um nobre da cidade de Florença, mudou-se para Portugal e se tornou mordomo do palácio real (em outras palavras, o administrador do palácio do Rei de Portugal). Em 1808, quando as tropas de Napoleão estavam prestes a invadir o país, a corte foge para o Brasil, porém Nicolau fica em Portugal para cuidar dos bens do Rei Dom João VI. Além de se separar da corte, Nicolau despediu-se de seu filho Francisco Vicente, que embarca para o Brasil e vai fixar-se no Rio Grande do Sul. É no exercício de suas atividades naquela província, por volta de 1846, que Francisco Vicente decide “abrasileirar” seu sobrenome, mudando o Bruschi para Brusque.
Seu filho, Francisco Carlos de Araújo Brusque nasceu em Porto Alegre, formou-se em direito e ingressou na vida pública.
Quando presidente da Capitania de Santa Catarina (cargo equivalente ao de governador do estado), decide criar três núcleos coloniais no ano de 1860, entre eles está a cidade onde hoje vivemos. Francisco acompanhou o Barão de Schneeburg e os primeiros 55 colonos até o porto às margens do Itajaí-Açu. Durante a viagem, o próprio Barão e a comitiva que o acompanhava sugerem que a nova colônia fosse nomeada “Brusque”. Porém, Francisco não aceita tal homenagem e registra a nova colônia com o nome de Itajahy. Apesar da recusa, informalmente todos se referiam àquele lugar como Brusque, inclusive o próprio Barão de Schneeburg que em seus documentos escrevia “Colônia Itajaí-Brusque”. O nome Brusque passa a ser oficializado apenas em 1890 quando o lugar ganha a categoria de Município, quatro anos após a morte de seu homenageado.
Pesquisa: Carlos Eduardo Michel.
A caça era responsável por boa parte da alimentação dos Xokleng. Tinham a sua disposição diferentes tipos de animais como, por exemplo, antas, porcos do mato, cutias, coatis, mãos-peladas, iraras, lontras, furões, como também integrantes da família dos felinos como gato-do-mato, puma, jaguatirica e onça. Se já não bastasse, poderiam empreender a caça de bugios, tatus, tamanduás, gambás, capivaras, jacarés, lagartos, etc., sem falar da pesca, através da qual capturavam traíras, cascudos, carás, jundiás etc. Entre as aves que poderiam ser abatidas estavam: tucanos, inhambus, macucos, marrecas, rolas, aracuãs, jacupemas, jacutingas, urus, frangos-d’água além de muitas outras. A destreza no uso do arco e flecha era necessária para garantir os alimentos ao grupo.
Pesquisa: Robson Gallassini (in memoriam)
Texto Adaptado: Mosimann, João Carlos; As famílias de Brusque, Guabiruba e Botuverá: nos meandros do Itajaí-Mirim. Florianópolis. Edição do autor, 2010. p. 11.
Pesquisa: Robson Gallassini (in memoriam)
Para o historiador Ayres Gevaerd, Vicente Só “provavelmente foi outro minerador. Sua presença, segundo as crônicas, foi o gosto pela natureza e a beleza do local em que se acha a cidade de Brusque. Entretanto, como ninguém pode viver em eterno sonho, contemplando as belezas naturais, ‘Vicente Só’ teria sido mais um garimpeiro cuja frustração só viria no fim de seus dias.” Gevaerd lembra que desde 1651 contavam-se histórias da existência de ouro nas cabeceiras do rio Itajaí. Entre os exploradores estava Salvador Pires, filho de Francisco Dias Velho Monteiro, fundador da Vila de Desterro (atual Florianópolis).
A fundação da colônia
Itajahy-Brusque ocorreu em 4 de agosto de 1860, com a chegada do barão
austríaco Maximilian von Schneeburg e um grupo de 55 imigrantes alemães. Esses
imigrantes tinham descido em Desterro, capital da província, dias antes de
empreenderem a sua viagem para o porto de Itajaí, a bordo da canhoneira
“Belmonte”, tendo a acompanhá-los não somente o diretor da colônia (Barão de
Schneeburg) como o próprio presidente da província, Dr. Araújo Brusque. Ao
chegar a Itajaí, seguiram em canoas, subindo o Rio Itajaí-Mirim para o local
destinado ao estabelecimento da colônia.
Extraído do livro
“Brusque Cidade Schneeburg” de Saulo Adami.
O trabalho de um historiador pode ser comparado ao trabalho de um investigador: nas duas situações, para desvendar os mistérios de cada caso, é necessário a busca por diversas provas. Para o historiador essas provas são as fontes históricas e servem para comprovar as hipóteses que o pesquisador cria sobre como foi o passado. A história do fundador de nossa cidade, Maximilian von Schneeburg é repleta de mistérios, justamente pela falta de fontes históricas que nos permitam afirmar suas características. Nem mesmo é conhecida qualquer fotografia ou pintura de sua figura. Sabemos que a família Schneeburg era nobre e que Maximilian nasceu em 1798, na região do reino da Boêmia, que na época estava sob o domínio da Áustria e era influenciada pela Alemanha. Seu pai, militar, faleceu em combate no ano seguinte. Apesar de a perda do pai, aos 16 anos ingressa na escola de engenharia militar e logo é nomeado cadete. Sua carreira militar não dura muito, pois se vê obrigado a pedir licença por conta de um problema de saúde. Depois de deixar o exército, sua aposta é o Brasil. Em 1825 chega ao país e integra a Escola Militar Imperial, sendo professor do Colégio Militar Calógeras, de Petrópolis (RJ).
Em 1856 passa a
trabalhar com a Sociedade de Agricultura de Petrópolis, de onde provavelmente
partiu o convite para instalar uma leva de colonos alemães no Vale do Rio
Itajaí. A essa altura, Schneeburg já tinha mais de 60 anos, e ainda assim,
aceita a missão. Pelo que podemos concluir dos relatos, documentos e cartas
deixados por ele, o Barão era um homem de fibra, amava tanto sua pátria natal
quanto o seu país “adotivo”; era detalhista e procurava a justiça em todos os
seus atos. Em julho de 1860 encontra cerca de 80 pessoas na Hospedaria dos
Imigrantes, Rio de Janeiro. Em 4 de agosto chega, com 55 daqueles às terras da
margem esquerda do Rio Itajaí-Mirim, plantando a semente do que hoje é Brusque.
Schneeburg deu início à colonização de Brusque e administrou a colônia até
1867, quando se afasta por problemas de saúde e retorna à Europa, falecendo em
1869.
Pesquisa: Carlos Eduardo Michel.
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